– Alô?
Alguém ouvira a minha voz e desligara logo em seguida. O telefone tocou mais uma vez, só que junto dele, meu coração batia mais forte. Quem poderia ser? Depois do terceiro toque, resolvi atender mais uma vez. Mas dessa vez fiquei calada. O único som que existia era a nossa respiração.
– Eu sei que foi você que ligou agorinha, fala alguma coisa vai. Assim eu não vou poder saber quem é você e também o que você quer comigo. Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas eu ainda tenho o direito de saber quem fala...
(Silencio)
– Desculpa Mel, eu só fiquei sem coragem de falar tudo o que queria. Aconteceram algumas coisas e bom, elas me fizeram lembrar de ti. Lembra aquela foto que nós tiramos? – Ela concordou. – Então, andei arrumando algumas caixas aqui e a encontrei. Lembrei de tudo o que havia acontecido naquelas férias de verão, e senti saudades. Eu sei que éramos muito pequenos, e que também não tínhamos tanta experiência no amor, mas era verdade tudo aquilo. Tão verdade que agora eu estou aqui: ligando para você. E confesso que me sinto agora como naquele dia. Se você tocasse a minha mão, iria lembrar muito bem de como eu fiquei naquele beijo. Ao encontrar essa foto, perdida no meio da poeira e dentro de uma caixa, tudo voltou. Você foi sim o meu primeiro e único amor... Não sei como anda a sua vida por ai, mas a minha anda um pouco complicada. Fiquei noivo, mas agora não tenho certeza se gosto tanto dela a ponto de viver ao seu lado e lhe fazer feliz. Eu sinto a sua falta. Sinto falta do seu sorriso, dos seus olhos, da sua maneira de viver. Sinto falta até das nossas brincadeiras. Acho que não vou conseguir dizer ‘sim’ quando chegar a hora, principalmente depois de ouvir a sua voz doce. É Mel, eu ainda amo você. Esse amor começou quando nos vimos na praia aquele dia, e não existe amor mais puro. Arrisco dizer também que não vai existir nunca. Quero te agradecer por ter colocado o telefone da sua casa no verso da foto, sem ele eu não saberia como te encontrar...
– Tom? – Lágrimas caiam dos meus olhos – Eu não sei mesmo o que falar. A verdade é que eu nunca esqueci de você, e acho que nunca esquecerei aquelas férias. Mas você não pode deixar ela assim na mão.
– Você não me ama mais, não é?
– Claro que eu amo. Você também foi o meu primeiro amor e vai ser o único. Mas nossas vidas tomaram rumos diferentes, e eu não acho certo você largar tudo por mim. Desculpa...
(tu-tu-tu)
Pauta pro Bloínquês
26ª edição visual