quinta-feira, 22 de julho de 2010

Aquele papel que tava dentro da caixa.


– Alô?

Alguém ouvira a minha voz e desligara logo em seguida. O telefone tocou mais uma vez, só que junto dele, meu coração batia mais forte. Quem poderia ser? Depois do terceiro toque, resolvi atender mais uma vez. Mas dessa vez fiquei calada. O único som que existia era a nossa respiração.

– Eu sei que foi você que ligou agorinha, fala alguma coisa vai. Assim eu não vou poder saber quem é você e também o que você quer comigo. Eu posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas eu ainda tenho o direito de saber quem fala...

(Silencio)

– Desculpa Mel, eu só fiquei sem coragem de falar tudo o que queria. Aconteceram algumas coisas e bom, elas me fizeram lembrar de ti. Lembra aquela foto que nós tiramos? – Ela concordou. – Então, andei arrumando algumas caixas aqui e a encontrei. Lembrei de tudo o que havia acontecido naquelas férias de verão, e senti saudades. Eu sei que éramos muito pequenos, e que também não tínhamos tanta experiência no amor, mas era verdade tudo aquilo. Tão verdade que agora eu estou aqui: ligando para você. E confesso que me sinto agora como naquele dia. Se você tocasse a minha mão, iria lembrar muito bem de como eu fiquei naquele beijo. Ao encontrar essa foto, perdida no meio da poeira e dentro de uma caixa, tudo voltou. Você foi sim o meu primeiro e único amor... Não sei como anda a sua vida por ai, mas a minha anda um pouco complicada. Fiquei noivo, mas agora não tenho certeza se gosto tanto dela a ponto de viver ao seu lado e lhe fazer feliz. Eu sinto a sua falta. Sinto falta do seu sorriso, dos seus olhos, da sua maneira de viver. Sinto falta até das nossas brincadeiras. Acho que não vou conseguir dizer ‘sim’ quando chegar a hora, principalmente depois de ouvir a sua voz doce. É Mel, eu ainda amo você. Esse amor começou quando nos vimos na praia aquele dia, e não existe amor mais puro. Arrisco dizer também que não vai existir nunca. Quero te agradecer por ter colocado o telefone da sua casa no verso da foto, sem ele eu não saberia como te encontrar...

– Tom? – Lágrimas caiam dos meus olhos – Eu não sei mesmo o que falar. A verdade é que eu nunca esqueci de você, e acho que nunca esquecerei aquelas férias. Mas você não pode deixar ela assim na mão.

– Você não me ama mais, não é?

– Claro que eu amo. Você também foi o meu primeiro amor e vai ser o único. Mas nossas vidas tomaram rumos diferentes, e eu não acho certo você largar tudo por mim. Desculpa...

(tu-tu-tu)

Pauta pro Bloínquês

26ª edição visual

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sobre sonhos, medos e segredos.

“Sonhos vêem e vão, os nossos principalmente. Mas qual é o teu segredo? Do que você tem medo? Eu sempre estive do seu lado. Pode confiar em mim...” – Era o que tinha escrito naquele pedaço de papel que atravessou a porta do meu quarto.

Já fazia algumas horas desde que eu entrara ali. Me olhei no espelho, e pude perceber que minha maquiagem estava toda borrada e meu cabelo todo bagunçado. Não deveria ter chorado do jeito que chorei, e muito menos fugido daquela forma. Mas não havia outra saída, eu ainda estava confusa e não tinha certeza do que realmente queria.

Alguns minutos depois de ter lido o bilhete, resolvi, então, abrir a porta. Ainda não sabia o que me esperava do lado de fora. Confiei no autor do bilhete, que só poderia ser uma pessoa.

Veja como você esta Susan. – Falava enquanto passava a mão no meu rosto, tentando me arrumar novamente. – Vamos conversar. Fique tranqüila, tudo vai ficar bem. Você só precisa me falar qual foi o motivo dessa sua fuga desesperada.

Ainda chorando, tentei explicar-lhe o que havia acontecido.

– Lembra aquele dia que nos conhecemos? – Ele balançou a cabeça concordando comigo. – E que conversamos sobre nossos sonhos, a maneira de realizá-los e também de todos os nossos medos? – Mais uma vez ele balançara a cabeça, afirmando. – Então, hoje me deparei mais uma vez com esse dilema. Não consegui encontrar uma resposta adequada para todas essas perguntas. Sempre vivi de sonhos, dos maiores que alguém pode conhecer. Confesso que impossíveis também, mas nunca desisti deles. Sempre quis viajar pelo mundo, conhecendo todos os países. Trocando experiências, cultura e até mesmo ajudando quem precisasse. Hoje, já não sei direito qual é o meu verdadeiro sonho.

“Estou muito feliz sim, claro que estou. Não vou negar isso nunca. Mas agora tudo é muito diferente. As coisas mudaram e só agora me dei conta disso. Tentei continuar, seguir em frente, lutei contra eu mesma. E foi ai que o meu grande medo apareceu. Perder você. Sei que estou parecendo uma menininha apaixonada falando assim desse jeito. Mas olha pra mim – Dei uma volta no mesmo eixo para mostrar-lhe como estava vestida – ainda estou aqui, e assim desse jeito.”

Então me explique melhor, porque eu ainda não estou entendendo. Você tem medo de me perder, mas isso não vai acontecer. Eu prometo. E tu sabes, acima de todos, o quanto eu te amo. E não vou te deixar por ai. Eu só quero entender. Me fale, que segredo é esse que você tanto tenta esconder de mim. – Enquanto ele falava, uma pequena lágrima caia de seus lindos olhos castanhos.

Oh meu amor, me desculpe por tudo isso. – Passo minha mão pelo seu rosto, limpando as lágrimas que ainda continuavam caindo. – É só o medo de te perder mesmo. Eu juro. Não existe segredo nenhum. – Abaixo a cabeça, e começo a chorar junto com ele. – Existe uma pessoa. Alguém com quem eu tenho me encontrado já faz uns meses. – Observei que seu rosto havia mudado. Agora ele não estava só triste, também parecia estar magoado e com raiva. – Oh seu bobo, não fique ai pensando besteira. A pessoa que eu venho me encontrando me deu boas notícias. Quer dizer, pelo menos eu acho que são boas. Eu estou grávida.

Tive medo de olhar nos seus olhos, não sabia o que iria encontrar. Tive medo de lhe dar essa noticia antes, porque ele podia não me querer mais. Algum tempo depois de ter falado tudo aquilo, tomei coragem e olhei para ele. Quando o vi chorando, chorei junto. Quando ele me viu olhando nos seus olhos e chorando também, correu para me abraçar.

– Depois você vem falar que eu sou bobo. Passou tanto tempo guardando esse segredo. Eu to com raiva de você. É, eu to com muita raiva de você. – Depois de suas palavras, eu chorei ainda mais. Ele continuou falando e sorrindo. – Sim, raiva por estar atrasado na compra de todos os presentes do nosso filho. Essa foi a melhor noticia de todas. Eu vou ser pai. Eu vou ser pai. – Ele sorria sem parar, não conseguia parar de chorar, e nem de me abraçar e beijar.

– Me desculpa por não ter contado antes. É que eu não sabia que você ia ficar tão feliz assim.

– Falta só uma coisa... – ele tirou de dentro do paletó uma caixinha – Você ainda vai querer casar comigo? Aproveite, já estamos arrumados para um casamento mesmo.

Eu não conseguia parar de sorrir. Afinal eu tinha fugido do meu próprio casamento.

- Sim, é claro que eu ainda quero casar com você.

Dei mais uma olhada no espelho. Arrumei o cabelo, peguei o véu de cima da cama e o coloquei. Logo em seguida peguei o buquê de rosas vermelhas, e sai de mãos dadas com o meu futuro marido a caminho da eterna felicidade.

Pauta para o Bloínquês

26º edição musical

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Meme + selinhoos *---*

Recebi mais um meme do Rodolpho Padovani do blog A arte de um sorriso, e agora eu tenho que dizer 6 coisas sobre mim que talvez vocês não saibam.

Vamos lá:
1) Bom, eu não gosto
do meu primeiro sobrenome, mas não sei explicar o motivo.

2) Sou do signo de peixes, e as coisas são parecidas demais comigo quando eu leio o horóscopo.

3) Tenho dois labradores, um preto (macho) e uma amarela (fêmea), mas eu não gosto muito dela. Também não sei o motivo. =/

4) Já tentei fugir de casa (ontem), mas o papai me achou na casa de uma amiga minha.

5) Não tenho paciência pra muita coisa, e quando eu fico com raiva eu perco a cabeça a ponto de dar um soco na parede. (Sim, doeu)

6) As vezes eu fico com preguiça de ler os textos nos blogs por ai, mas sempre que eu vou ler, eu leio desde o primeiro que eu perdi.

Bom, eu tenho que indicar 10 sortudos pra brincar disso também. (:


Mas vou deixar pra depois, afinal tudo aqui vai ser para as mesmas pessoas.


Esses dois selinhos eu ganhei do Rodi também.

E tem algumas regras:

1) Para ti, um olhar vale mais que 1000 palavras?

Claaaaaro, pelo olhar podemos ver o que a pessoa quer te falar. É pelo olhar que o coração fala... Acho que é por isso que eu gosto de olhar nos olhos das pessoas.

2) Ainda te lembras a quem lançaste o teu primeiro olhar?

Bom, deve ter sido ou pro médico que fez o meu parto ou pra enfermeira. HDAUIOHDIUAHUI. Brincando..

3) Comentar o blog de quem te indicou.

Eu nem lembro direito de como eu cheguei no blog do Rodolpho, mas hoje eu não me arrependo. E a cada vez que eu volto lá pra ler algum texto, atrasado ou recente, eu me emociono e vejo que sou mais fã dele ainda. *-*

Esse outro selinho não tem regras.

Bom, os indicados são:

p.s.: Férias, viagens, cinema, shopping, festa… Enfim, eu vou passar nos blogs ok! ;)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Para o meu eterno Soldado,


Sei que não tivemos uma oportunidade certa pra nos despedirmos. Ou melhor, ela existiu sim, o único problema é que não sabíamos que seria a nossa ultima vez juntos. Não sabíamos que aquele abraço mais demorado, que aquele sorriso entusiasmado e aquele beijo tão doce, fossem uma grande prova de tudo que viria a acontecer.

Lembro como se fosse hoje, eu entrando mais uma vez ali para ver você. Lembro de seus olhos brincando de se esconder ao me ver entrar. Havia uma onda de felicidade, alegria e tristeza no ar. Ninguém entendia direito o motivo daquilo. Mas nada importava. Nós ignoramos todos os múltiplos sentimentos que pairavam no ar, e sorrimos...

É, meu avô querido, já vai fazer um ano desde que você se foi. Aquele dia que seu navio foi ao encontro do horizonte, e algum tempo depois, desapareceu. Você foi embora e deixou saudades. Deixou lembranças de dias alegres, de manhãs irritantes ouvindo a mesma rádio e a mesma música, de um velhinho que se sentia como um adolescente brigão. Você se foi antes do tempo. Ou, como ninguém quer aceitar, no tempo certo.

Talvez o senhor nem esteja mais presente em alma aqui, pra cuidar de mim e de todos os outros que tanto amas. Mas de alguma maneira eu continuo escrevendo. Escrevo porque não tive coragem e nem forças pra poder me despedir. Ainda não sei nem se conseguirei voltar ao teu túmulo, que me trás péssimas lembranças, e te deixar mais uma rosa.

Mas onde quer que tu estejas, quero só te agradecer. Por tudo o que fez e pelo que me ensinou. Por ter se tornado o meu segundo pai. Por ter feito o possível e o impossível pra que todos ficassem bem, mesmo depois da sua partida. Queria te agradecer também pelo sorrisinho manso que o senhor nos deu ao se despedir, naquele dia 24 de julho de 2009.

É Soldado, mesmo com essa teimosia toda, o senhor faz falta. Nós te amamos.

Da sua neta preferida e única.


Pauta para o Bloínquês

1ª edição cartas